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Definição de rotacional
Sejam $D$ um aberto de $\mathbb{R}^3$ e $f = (m,n,p) : D \to \mathbb{R}^3$ diferenciável. O rotacional de $f$ é
(1)Nesta cadeia de identidades, as três primeiras expressões devem ser encaradas como notações ou mnemónicas para o conceito de rotacional. Em particular, na segunda e terceira expressões o símbolo $\nabla$ está a ser tratado como um vector de $\mathbb{R}^3$, mas cujas coordenadas são os operadores diferenciais $\frac{\partial}{\partial x}$, $\frac{\partial}{\partial y}$ e $\frac{\partial}{\partial z}$, em vez de números reais; no entanto, ao aplicar-se formalmente a definição de produto externo, de cada vez que um desses operadores diferenciais se junta com uma função deve encarar-se a expressão obtida como a derivada dessa função em relação à variável indicada, e não como um produto (que não faz sentido!) entre o operador diferencial e a função.
Observe-se que, com a introdução deste conceito, a condição necessária para um campo ser conservativo, discutida na secção 4.2, pode, no caso de $n=3$, ser equivalentemente descrita por ${\rm rot}\, F = 0$.
Proposição (Teorema de Stokes)
Seja $D \subset \mathbb{R}^2$ um domínio de parametrização que seja também uma região de integração, que tenha como fronteira uma curva fechada simples, e para o qual o Teorema de Green seja válido1. Seja $\alpha : [a,b] \to \mathbb{R}^2$ um caminho fechado simples e seccionalmente regular que oriente $\partial D$ positivamente. Seja $r : D \to \mathbb{R}^3$ uma superfície parametrizada que admita derivadas parciais de 2ª ordem contínuas num aberto que contenha $D$. Se $f : r(D) \to \mathbb{R}^3$ for continuamente diferenciável, então
(2)Omite-se a prova, a qual tira partido do Teorema de Green. Aliás, observe-se que no caso de $r(x,y)=(x,y,0)$ e $f(x,y,z)=(m(x,y),n(x,y),0)$ se obtém
(3)e portanto o Teorema de Stokes constitui uma generalização do Teorema de Green.
Em (2), e apesar da presença do $\hat n$, a definição do integral de superfície deve, é claro, ser entendida no sentido em que foi dada na parte 6 da secção 3.2, não sendo, portanto, estritamente necessária a existência de $\hat n$.
Exemplo
Pretendendo-se calcular
(4)onde $r(u,v) := (u \cos v, u \sin v, 1-u^2)$, $u \in [0,1]$, $v \in [0,2\pi]$, é uma parametrização para a secção, acima do plano x0y, do parabolóide de revolução com vértice em (0,0,1) e concavidade voltada para baixo, estamos em condições de poder aplicar o Teorema de Stokes e obter o resultado através do cálculo de
(5)onde $\alpha$ é um caminho fechado simples e seccionalmente regular que orienta $[0,1] \times [0,2\pi]$ tal como ilustrado na figura do lado esquerdo em baixo.
Por sua vez, e como é fácil de ver, $r \circ \alpha$ descreve as curvas a azul e a vermelho ilustradas na figura do lado direito em cima, no sentido indicado. Como a curva a vermelho é descrita uma vez num sentido e uma segunda vez em sentido contrário, globalmente não contribui para o valor do integral de linha em cima. Assim, para o cálculo deste integral só interessa a parametrização da curva azul, e já sabemos que qualquer uma que seja fechada simples e regular serve. Usando a parametrização canónica dada por $t \mapsto (\cos t, \sin t, 0)$, para $t \in [0,2\pi]$, obtém-se
(6)Seguir para a parte 3 ou adicionar um comentário em baixo.