Se achar a seguinte explicação demasiado esotérica, passe à frente!
Na parte anterior observámos que, para se obter a fórmula de mudança de variáveis $(x,y) \in \mathbb{R}^2$ para $(u,v) \in \mathbb{R}^2$ nos integrais duplos, o elemento de área $dx\, dy$ deve ser substituído pelo elemento de área ${\rm factor}(u,v)\, du\, dv$, onde o ${\rm factor}(u,v)$ se determinou da seguinte maneira: designando por $\phi = (x,y) : D \subset \mathbb{R}^2 \to A \subset \mathbb{R}^2$ a função responsável pela mudança de variáveis, construiu-se uma parametrização $r = (x,y,0) : D \to A \times \{ 0 \}$, tendo-se argumentado que a área de $A$ deve coincidir com a área da superfície parametrizada $A \times \{ 0 \} \subset \mathbb{R}^3$; por sua vez, na construção do integral duplo que permite calcular esta área aparecem as parcelas ${\rm factor}(u,v) \Delta u \Delta v$, que são devidas ao facto de, localmente, a área de uma pequena porção da superfície estar a ser substituída pela área do paralelogramo determinado, em $\mathbb{R}^3$, pelos vectores $\frac{\partial r}{\partial u}(u,v) \Delta u$, $\frac{\partial r}{\partial v}(u,v) \Delta v$. E como a terceira componente de tais vectores é nula, pode também dizer-se que tal paralelogramo é determinado, em $\mathbb{R}^2$, pelos vectores $\frac{\partial \phi}{\partial u}(u,v) \Delta u$ e $\frac{\partial \phi}{\partial v}(u,v) \Delta v$.
Seguindo o mesmo tipo de raciocínio, para se obter a fórmula de mudança de variáveis $(x,y,z) \in \mathbb{R}^3$ para $(u,v,w) \in \mathbb{R}^3$ nos integrais triplos, o elemento de volume $dx\, dy\, dz$ deve ser substituído pelo elemento de volume ${\rm factor}(u,v,w)\, du\, dv\, dw$, onde supostamente o ${\rm factor}(u,v,w)$ se deve determinar da seguinte maneira: designando por $\phi = (x,y,z) : D \subset \mathbb{R}^3 \to A \subset \mathbb{R}^3$ a função responsável pela mudança de variáveis, constrói-se uma parametrização $r = (x,y,z,0) : D \to A \times \{ 0 \}$; o volume de $A$ deverá coincidir com o volume de $A \times \{ 0 \}$ como hipersuperfície de $\mathbb{R}^4$; por sua vez, na construção de um integral triplo que permita calcular este volume é plausível que apareçam as parcelas ${\rm factor}(u,v,w) \Delta u \Delta v \Delta w$, que terão origem no facto de, localmente, o volume de uma pequena porção da hipersuperfície estar a ser substituído pelo volume do paralelepípedo determinado, em $\mathbb{R}^4$, pelos vectores $\frac{\partial r}{\partial u}(u,v,w) \Delta u$, $\frac{\partial r}{\partial v}(u,v,w) \Delta v$, $\frac{\partial r}{\partial w}(u,v,w) \Delta w$. E como a quarta componente de tais vectores é nula, deverá poder dizer-se que tal paralelepípedo é determinado, em $\mathbb{R}^3$, pelos vectores $\frac{\partial \phi}{\partial u}(u,v,w) \Delta u$, $\frac{\partial \phi}{\partial v}(u,v,w) \Delta v$ e $\frac{\partial \phi}{\partial w}(u,v,w) \Delta w$.
Ora, sabe-se da geometria analítica que o volume de um tal paralelepípedo é determinado pelo seguinte módulo de produto misto:
(1)
\begin{align} \Big| \frac{\partial \phi}{\partial u}(u,v,w) \Delta u \cdot \frac{\partial \phi}{\partial v}(u,v,w) \Delta v \times \frac{\partial \phi}{\partial w}(u,v,w) \Delta w \Big|, \end{align}
ou seja,
(2)
\begin{align} | \det \phi'(u,v,w) \, \Delta u \Delta v \Delta w |. \end{align}