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Considere-se uma aplicação
(1)continuamente diferenciável e bijectiva, onde $D$ e $A$ são regiões de integração e $D$ é também um domínio de parametrização. Seja
(2)a imersão canónica de $\mathbb{R}^2$ em $\mathbb{R}^3$. Então $r:= i \circ \phi$ é uma parametrização continuamente diferenciável e injectiva da superfície $A \times \{0\}$ que tem como área, de acordo com a definição dada na parte 5 da secção 3.2,
(3)Ora, se suposermos também que $\frac{\partial r}{\partial u}(u,v) \times \frac{\partial r}{\partial v}(u,v) \not= 0$, de modo a que $r$ seja regular e, portanto, de acordo com a discussão na parte 6 da secção 3.2, o resultado em cima seja o mesmo para qualquer outra parametrização de $A \times \{0\}$ deste tipo, seria natural dizer-se que o valor comum é o valor da área da superfície plana $A \times \{0\}$. Como esta deverá ter a mesma área que $A$, então (3) deverá ser igual a
(4)E, naturalmente, estaremos à espera que, pelo menos para funções reais $f$ contínuas em $A$, se verifique também a igualdade
(5)Como
(6)então não é de estranhar que o seguinte resultado, cuja prova omitimos, se verifique:
Proposição (mudança de variáveis na integração dupla)
Sejam $A \subset \mathbb{R}^2$ uma região de integração e $f : A \to \mathbb{R}$ uma função limitada cujo conjunto de pontos de descontinuidade tem conteúdo nulo. Seja $D \subset \mathbb{R}^2$ uma outra região de integração e $\phi : D \to A$ uma função continuamente diferenciável com as seguintes propriedades: existem abertos $D_1 \subset D$ e $A_1 \subset A$ tais que $\phi$ é bijectiva de $D_1$ para $A_1$, $\det \phi' \not=0$ em $D_1$ e $D \setminus D_1$, $A \setminus A_1$ têm conteúdo nulo. Então
(7)Definição de jacobiano
O determinante $\det \phi'$ da matriz jacobiana de $\phi$, que aparece em (7), designa-se por determinante jacobiano (ou, simplesmente, jacobiano) de $\phi$. É também habitual denotá-lo por
(8)onde aqui $x = x(u,v)$ e $y = y(u,v)$ desempenham os papéis de funções coordenadas de $\phi$.
Exemplo
No segundo exemplo da parte 4 da secção 2.2, calculámos o volume $V$ do sólido delimitado pelo elipsóide de equação
(9)através do cálculo directo de
(10)onde $A := \{ (x,y) \in \mathbb{R}^2 : x \geq 0,\, y \geq 0,\, x^2+\frac{y^2}{4} \leq 1 \}$. Uma alternativa mais simples seria fazer uma mudança de variáveis dada pela função continuamente diferenciável
(11)a qual transforma $D := [0,1] \times [0, \pi/2]$ em $A$, embora não injectivamente (observe que todos os pontos do segmento $\{ 0 \} \times [0, \pi/2] \in D$ são transformados no ponto $(0,0) \in A$. No entanto, $\phi$ transforma injectivamente ${\rm int}\, D$ em ${\rm int} A$ (os quais diferem, respectivamente, de $D$ e de $A$ apenas por subconjuntos de conteúdo nulo), verificando-se ainda que
(12)que é diferente de zero em ${\rm int}\, D$. Assim, de acordo com a fórmula (7), o cálculo do volume em causa pode prosseguir do seguinte modo:
(13)Seguir para a parte 2 ou adicionar um comentário em baixo.